segunda-feira, 25 de outubro de 2010

AS CAVALHADAS

Os cavalheiros da fotografia estavam participando das famosas cavalhadas que eram realizado no Santo Ângelo Antigo.As cavalhadas, costume ibérico com fortes raízes no folclore riograndense, tiveram no "Club Gaúcho" o seu grande incentivador. sua última realização data 1925 e foi encenada na antiga praça da Liberdade ( hoje, INSS e outros). Na luta entre os mouros e cristãos, cavalheiros da alta sociedade santoangelense, com seus cavalos, estavam na disputa da princesa Floripa ( geralmente um barbado vestido de mulher). Uma excelente descrição das cavalgadas de Érico Verríssimo em o "Tempo e o Vento".

HISTÓRICO:Durante a dinastia carolíngia( século VI d.c.), portanto há quase 1500 anos,Carlos Magno, de religião cristã, lutou bravamente contra os sarracenos, de religião islâmica, impedindo-os de invadir o centro norte da Europa. A cavalhada é uma tradição dos torneios da Idade Média, onde os aristocratas exibiam em espetáculos públicos, sua destreza e valentia. Na verdade, cavalhada representa a luta entre mouros e cristãos. O feito foi amplamente divulgado, como mostra de bravura e lealdade cristã, por trovadores que viajavam por toda a Europa.E ficou sendo conhecido como a "A Batalha de Carlos Magno e os 12 pares da França", um verdadeiro épico, cantado em trova, como forma de incentivar a população cristã contra as investidas dos exércitos islâmicos, que, apesar da derrota na batalha de Carlos Magno, não abandonou as investidas, principalmente ao sul da Europa, vindos da Mauritânia.Conhecidos como mouros, os mulçumanos da Mauritânia, invadiram,no século VIII, o sul da Península Ibérica, dominando a região de Granada(Espanha), de onde foram expulsos somente em fins do século XV. Foram quase 800 anos de ocupação moura por quase toda a península, o que, inegavelmente, colaborou para o avanço tecnológico destas nações, uma vez que os mulçumanos árabes, propagadores do islamismo, eram mais evoluídos, do ponto de vista tecnológico, artístico e cultural, do que os cristãos da época. Os reis que resistiram a este avanço refugiaram ao norte da península e mantiveram intacta sua cultura, vindo deles a iniciativa de expulsão da soberania moura na Península Ibérica. Incorporada ao folclore, durante séculos, a História de Carlos Magno era atração nas vozes dos trovadores e, somente em idos do século XIII em Portugal é que a Rainha Isabel resolveu instituí-la como uma festividade, aos modos de uma representação dramática, quase que como um jogo de xadrez, a fim de incentivar a instituição cristã e o repúdio aos mouros.A sua realização está ligada à Festa do Divino Espírito Santo, que tem origem na tradição portuguesa e leva em conta o calendário da Igreja Católica. Segundo a liturgia religiosa, é o dia de Pentecostes, exatamente 50 dias após a Páscoa. Provavelmente a Festa do Divino Espírito Santo foi instituída pela rainha Isabel, esposa do rei trovador Dom Dinis, de Portugal. No Brasil essa tradição teria chegado por volta de 1756, com os portugueses, e ganhando perfil próprio em cada Estado, em cada região brasileira.A FESTA: Na verdade, cavalhada representa a luta entre mouros e cristãos. São doze cavaleiros mouros e doze cavaleiros cristãos. No final da longa batalha, vencem os cristãos que ainda conseguem converter os mouros ao cristianismo. Trata-se de uma tradição praticada em várias regiões do Brasil, porém com diferenças marcantes de uma região para outra. Num grande campo de batalha, onde de um lado, o lado do poente, 12 cavaleiros cristãos vestidos de azul, a cor do cristianismo, lutam contra 12 cavaleiros mouros vestidos de vermelho, encastelados no lado do sol nascente.No Brasil esta representação dramática foi introduzida, sob autorização da Coroa, pelos jesuítas com o objetivo de catequizar os gentíos e escravos africanos, mostrando nisto o poder da fé cristã.A hierarquia dos exércitos da Cavalhadas segue, tanto para os cristãos como para os mouros, a seguinte ordem: dos doze cavaleiros temos no mais alto posto o Rei, abaixo deste temos o Embaixador e seguindo abaixo os dez restantes cavaleiros. O último cavaleiro só subirá de posto se houver morte ou desistência de algum outro acima, o mesmo acontece com o Embaixador, que só tornar-se-á Rei se o próprio Rei morrer ou desistir. Durante três tardes, as “tropas” de cristãos e mouros representam, com seus desafios e carreiras, as lutas travadas entre Carlos Magno e os Sarracenos, que terminam no final da segunda tarde com a rendição, ou seja, a conversão e batismo dos mouros. Após a vitória dos cristãos, os mouros são batizados por um padre.Os cavalos também são amplamente ornamentados, com patas pintadas, protegidos na fronte com metais polidos, e envergando plumas na cabeça.
Fonte:
LIED,Arlindo. " Minhas Reminiscências de  SantoÂngelo".
MACHADO,José Olavo: "História de Santo Ângelo- das Missões aos nossos dias"



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