segunda-feira, 22 de março de 2010

Cine Cisne: 52 anos de atividade

Movimentação em Frente ao Cine Cisne em 22/03/1958 - data de sua inauguração.

Junto com o aniversário da cidade, o Cinema Cisne também aniversaria e marca nesse ano 52 anos de atividade. Esse importante empreendimento cultural que resiste ao longo do tempo é parte da vida cultural da cidade. Escrevi o texto abaixo no ano passado para a inauguração da nova sala de cinema, o popular "Mini Cisne". O texto foi utilizado pelos colegas Leoveral Soares e Fábio Petry, que junto com fotos e imagens, fizeram um belo vídeo, exibido no ato de inauguração e que homegeou a família Panzenhagen pela luta constante em favor da sétima arte em Santo Ângelo.

"A história do cinema na cidade e região se confunde com a história da família Panzenhagen. Sob a influência de seu filho Hélio, um apaixonado pela sétima arte, e um assíduo freqüentador do cinema, é que o senhor Carlos Panzenhagen assume ainda na década de 40 a sociedade do antigo Cinema Municipal, que hoje infelizmente não existe mais. A partir desse momento o grupo de sócios foi aumentando ao longo do tempo e novas casas foram surgindo com a construção do Cine Cisne em Santo Ângelo, do Cine Lux em São Luiz Gonzaga , o cine Apollo de Giruá e do Cine Belvedere na zona norte de nossa cidade. Foram momentos áureos da arte cinematográfica em nossa cidade e região, assim como em todo o mundo o cinema foi o protagonista de muitas histórias e também parte da história de muitas pessoas. No final dos anos 70 as diversas mudanças na conjuntura socioeconômica do planeta provocaram dificuldades na manutenção das atividades desses espaços de arte.
Foi em 22 de março de 1958, exatamente 51 anos atrás que ocorreu a inauguração do Cinema Cisne através de seus sócios proprietários Marcelo Mioso, Hélio Carlos Panzenhagen e Fiorindo Fantinelli. O cinema era na época um moderno espaço voltado para a sétima arte, referência em nossa cidade, região e estado.
Muitos capítulos viriam a se desenrolar na história do cinema Cisne. Uma história de garra, persistência e muita luta. Como todo grande filme repleto de emoção, altos e baixos o enredo da história da família Panzenhagen e sua luta para manter viva a sétima arte em Santo Ângelo pode ser estampada através das manchetes dos jornais locais. Em 1987, quando Flávio Panzenhagen assume a administração do cine Cisne juntamente com seu pai Hélio, o movimento do cinema já não era mais aquele de outras épocas e o grande número de sócios insatifeitos com a empresa anunciavam a possibilidade do cinema fechar as portas para fugir das dívidas. Porém aos poucos, pai e filho unidos enfrentaram as dificuldades e mantiveram o cinema em atividade ao longo desses 51 anos.
Ainda hoje o Cisne ostenta o título de “maior tela do Rio Grande do Sul” e guarda dentro de suas paredes, em sua tela, em cada poltrona, inúmeras histórias.
Ao longo desse mais de meio século, acalentou sonhos de mocinhas enamoradas pelos galãs holliwodianos, a agitação da gurizada nas batalhas do velho oeste, no riso que ecoava pelo gigantesco espaço quando Chaplin ou Mazzaropi aprontavam das suas. Que menino não desejou ser um Tarzan, um Batman, um Superman, um Homem Aranha? E qual deles não se sentiu realizado por alguns minutos em frente à tela do Cisne? Quantos casais apaixonados não namoraram nessas poltronas ao som, e na penumbra ofuscada pelos rápidos flashes de imagens, dos grandes clássicos do cinema mundial?
Não foram poucas as vezes em que o cinema esteve na iminência de sua última sessão nesses últimos anos. Mas Flavio nunca desistiu e contou com a ajuda de muita gente, do setor público, privado, dos amigos, da comunidade e de inúmeros anônimos, apaixonados pela sétima arte. Todos segundo palavras do próprio Flávio de uma forma ou de outra auxiliaram não só na recuperação do Cisne como na possibilidade de expansão da atividade que hoje deixa de ser um sonho e se torna realidade através do Mini Cisne.
Na inauguração do Cine Belvedere em 26 de fevereiro de 1972, na Zona Norte da Cidade, o Mini Cisne já era um sonho para o Sr. Hélio Panzenhagen e demais sócios da empresa Cine Missioneira Ltda. Sendo anunciado pelos principais meios de comunicação da cidade como “uma verdadeira jóia que Santo Ângelo ganhará”.
A idéia inicial era inaugurar a nova sala nas festividades do centenário da emancipação político-administrativa de Santo Ângelo, em 1973.
Uma coisa podemos afirmar com certeza... que a história do Cisne se confunde com a história da vida de milhares de santo-angelenses... Ele é referência, ponto de encontro... é impossível imaginar a movimentada Marquês sem o Cisne. O cinema tornou-se uma propriedade não só de uma pessoa, de uma família, mas de inúmeros Marcelos, Domingos, Maristelas, Fiorindos, Hélios e Flávios... Hoje um dos pontos turísticos de nossa cidade, mas já há muito tempo um caso de amor de todos aqueles que tiveram momentos inesquecíveis em seu interior... Cinema Cisne é um caso de amor com Santo Ângelo... O amor de gerações que estrapolou os limites de uma família e se disseminou pelos corações de homens, mulheres, jovens e crianças de toda uma cidade.

Hoje fazem quase quatro décadas do inicio desse “Sonho”. Um sonho que “O vento (quase) levou” devido aos “Tempos Modernos” do vídeo cassete e do Dvd. Mas o Cisne tornou-se um “Clube da Luta” intercalando momentos de “Guerra e paz”, e como a “Estrada da Vida” é cheia de surpresas, hoje se abre uma “Fenda no tempo” e através de uma “Corrente do bem” o “Último dos moicanos” realiza, como um legítimo “Pagador de promessas”, o que antes estava “A esperade um milagre”... Infelizmente hoje não se tem a presença do “Poderoso Chefão” daquele que tanto sonhou e lutou por esse projeto, mas que junto “A Cidade de Deus” assiste hoje a nossa “Terra em transe” ao tornar-se realidade um desejo de amor de um “Amor, sublime amor” à arte e a cultura, e que em justa homenagem leva seu nome.

A empresa Cine Missioneira Ltda. tem o orgulho de entregar a “Cidade dos Anjos” a sala de cinema Hélio Carlos Panzenhagen".

Um comentário:

  1. Ano de sua inauguração estava eu com dois anos de idade,e já na infância passei a ir aos matinês, hoje com emoção relembro dias felizes ao me encontrar com esta matéria divulgando épocas passadas.

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