segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Semana Cultural de Santo Ângelo

Espetáculo "A Máscara de Taré" - Espetáculo de Teatro sobre a história das Missões será apresentado dia 29/10 no Teatro Municipal.

Na próxima quarta-feira dia 28 de outubro terá inicio a 17ª edição da Semana Cultural de Santo Ângelo, que se estenderá até o dia 06 de novembro. A Semana Cultural foi instituída pela lei municipal nº 1699 de autoria do então vereador Dalmir Ledur e sancionada pelo prefeito Adroaldo Loureiro em 12 de agosto de 1993. A Semana Cultural consiste em uma série de apresentações artísticas, palestras, oficinas, mostras de arte e exposições na semana do dia 12 de agosto, data da fundação da Redução jesuítica de Santo Ângelo Custódio. Excepcionalmente nesse ano a Semana Cultural foi transferida para final de outubro e inicio de novembro, devido ao surto de gripe A no mês de agosto.
Muitas atividades marcantes aconteceram durante essas 16 semanas culturais que se passaram. Entre os patronos das Semanas Culturais estão nomes de pessoas que deixaram significativas contribuições para a Cultura de Santo Ângelo, entre eles podemos destacar nomes como Bazilisso Leite, Pedro Osório do Nasciemento, Elemar de La Rue, Tadeu Martins, Leverdógil de Freitas (in memorian), Flavio Panzenhagen, entre outros. Nesse ano, o patrono, que empresta seu nome à Semana Cultural é o ator e diretor de teatro Jerson Fontana. A programação da Semana Cultural desse ano tem entre outras coisas apresentação de ópera, peças de teatro, Festival Santo Ângelo em Dança, lançamento de livros e mostra de clássicos do cinema gaúcho. A programação completa pode ser acessada no link da Secretaria de Cultura ao lado.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Dr. Willy Gatz e seu Hospital

Hospital Gatz, Esquina da Marquês do Herval com a Andradas. Hoje um terreno vazio.


Segue abaixo a transcrição do texto do cerimonial que contém o currículo resumido do Dr. Willy Gatz, quando este foi homenageado em 1982, na administração do Prefeito Carlos Schröder, com a “Comenda da Cruz Missioneira” pelos relevantes serviços prestados a comunidade.

“Natural da Alemanha e naturalizado brasileiro, o Dr. Willy Gatz nasceu em 27 de março de 1888, formou-se em medicina na Universidade de Bonn na Alemanha em 1917 defendendo tese e recebendo o título vitalício de Doutor em Medicina interna, cirurgia e obstetrícia, aprovado pelo imperador Guilherme II e assinado pelo seu chanceler. Serviu como oficial médico no exército alemão durante a 1ª Guerra Mundial.
Prestou serviços como médico secundário e substituto do médico chefe nos dois grandes hospitais das cidades de Aix la Chapele e Reincheidt, na região de Ruhr.
O Dr. Gatz chegou ao Brasil em 1923, onde visitou as Universidades do Rio de janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Porém o espírito pioneiro do Dr. Willy Gatz e de sua esposa, não se contentava em se estabelecer num grande centro, e sim no interior, onde a assitência médica era precaríssima, e por que não dizer, que não havia na época.
Por tudo isso, resolveu fundar sua clínica em Santo Ângelo, última etapa da estrada de ferro.
Começou sua jornada profissional sem recursos de comunicação e transporte, pois havia apenas um carro de praça em Santo Ângelo. Para que pudesse prestar seus serviços aos pacientes das colônias, o único meio de que dispunha era o transporte a cavalo.
No dia 1º de setembro de 1927, inaugurou seu Hospital Particular com seus próprios recursos, sendo o primeiro hospital em Santo Ângelo e na região missioneira, equipado com toda aparelhagem moderna da época, vinda do estrangeiro.
Nesse período ocorreu na cidade uma grande epidemia de desidratação e tifo, sendo que o Dr. Willy gatz dedicou-se inteiramente para combater esses males que estavam causando uma grande mortalidade, principalmente infantil. Com sua dedicação, conseguiu diminuir em 75% o índice de mortalidade, conforme estatística do Registro Civil.
No setor de cirurgia, enfrentou até 1940, grandes dificuldades devido a falta de antibióticos e anestésicos, mas, mesmo assim, as cirurgias eram efetuadas com êxito, pela sua dedicação e capacidade profissional.
Na área de obstetrícia, houve na época, uma sensívelredução, segundo estatística, de mortalidade de parturientes e seus bebês. A cesariana não era divulgada na região, o Dr. Willy Gatz introduziu a cesárea como meio de salvar vidas, em casos extremamente difíceis. Inclusive sua primeira cesariana na região foi o nascimento do nosso ilustre Deputdo Federal José Alcebíades de Oliveira.
O Dr. Willy Gatz, incansável na sua profissão e na sede de adquirir novos conhecimentos e técnicas, realizou várias viagens de estudos para a Europa e Estados Unidos, sempre em prol da saúde do povo missioneiro.
Pela sua dedicação e pioneirismo na região das Missões, numa de suas viagens pela Itália junto de sua esposa, Dona Gerda, foi concedida audiência pela S. Santidade o Papa Pio XI, no castelo de Gandolfo.
Em 1963, sofreu com a irreparável perda de sua esposa, após uma longa e dolorosa enfermidade, para qual, ele que tantas vidas salvou, nada pode fazer, chocando-o profundamente. Retirou-se de suas atividades profissionais por alguns anos, realizando viagens para quatro continentes, dando assim, vasão às suas tendências filosóficas.
Hoje são quase sessenta anos de solo missioneiro. Anos esses dedicados a minorar os sofrimentos de nossos semelhantes e ao bem servir do povo desta região, particularmente da comunidade santo-angelense.
Como vemos, ele ama o Brasil, considerando-o sua verdadeira pátria.
Por isso, recebe hoje a “Comenda da Cruz Missioneira”.


Existe hoje uma da sala no Museu Municipal Dr. José Olavo Machado, criada em homenagem ao Dr. Gatz, onde pode ser admirado alguns dos pertences, ferramentas e utensílios de seu oficio. Porém, a maior obra do Dr. Gatz a Santo Ângelo foi seu Hospital: um marco para a história da medicina na região e no estado. Grande parte do prédio do Hospital Gatz foi demolida há poucos anos, ainda resiste ao tempo parte da obra na Andradas, esquina com a Antunes Ribas. Ao injustificável não há argumento, pior então sabermos que o espaço que abrigou essa importante instituição hoje dá lugar a um terreno vazio no centro da cidade. É triste saber que nossa história, que como o pronome bem diz é de TODOS, fica relegada aos interesses financeiros de POUCOS.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Clube Gaúcho

O Clube na década de 20


O Clube Gaúcho, fundado em 02 de fevereiro de 1902, perdura até os dias atuais como um dos exemplares da vida social de Santo Ângelo. O terreno em que se encontra construído era a casa do Sr. Bento Rolim de Moura, quando da ocupação do espaço pelos primeiros moradores após o período reducional no século XIX. Naquele local foi sediada a primeira Câmara de Vereadores de Santo Ângelo.
Na foto acima, podemos vislumbrar detalhes do prédio do “Club Gaúcho”, construído em 1920, conforme a data que se encontra na fachada. Do lado esquerdo é possível observar o sobrado do Sr. Cortes que resiste ao tempo até os dias atuais (Saul Lanches).
Com sua imponente arquitetura, os clubes sociais representavam na época espaços de encontro da sociedade urbana e abastada, ponto de reuniões dos políticos, industriários, agropecuaristas, damas da sociedade, local para serões, grandes bailes, shows musicais.
Conforme José Olavo Machado o clube “nasceu com a denominação pomposa de Sociedade Literária, mudada em seguida para Clube Gaúcho, por sugestão do dr. Augusto Leonardo Salgado Guarita, juiz da comarca de então e que, depois, por anos consecutivos, foi seu dedicado presidente”.
O prédio da foto foi demolido na década de 60 para dar lugar ao moderno prédio do Palácio Metálico.

Fonte: MACHADO, José Olavo. História de Santo Ângelo: das Missões aos nossos dias.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Do Acervo do Arquivo Histórico


Fotos do livro, editado em 1900.

Trabalhar no Arquivo Histórico me traz muitas vezes o sentimento de voltar à infância. Daqueles dias chuvosos em que passava na casa de meus avós e remexia naquelas malas antigas e caixas de sapato repletas de papéis amarelados e fotografias. Ou então entrava no porão escuro para bisbilhotar os objetos que teimavam em perdurar ao longo do tempo naquele lugar que cheirava a umidade, poeira e história. Poder ler ou tocar em algo escrito ou produzido por alguém que passou pelo planeta, muitas vezes de tempos que ninguém mais existe para contar como era, é algo intrigante. Sentimentos se misturam: curiosidade, pertencimento e finitude.
Defronto-me as vezes com alguns documentos que me fazem esquecer do tempo e ficar envolto na leitura, buscando imaginar o que se passava naquele momento com a pessoa que escrevia, buscando recriar o cenário a sua volta e de que maneira o momento histórico e a conjuntura social em que o escritor estava submerso influenciavam na sua escrita. Assim, procurarei destacar aqui alguns documentos que me fizeram mergulhar no aspiral do tempo e viajar alguns instantes.
Dia desses, catalogando alguns livros da coleção do acervo me deparei com a obra “Inocência” do Visconde de Taunay, a quarta edição impressa no país, datada de 1900. Quantos exemplares foram produzidos na tiragem não há, mas um deles ainda resiste a força do tempo, nesses quase 110 anos de existência, e está guardado em nosso acervo. Os editores responsáveis (Laemmert e C. editores), escreveram o prefácio à quarta edição em 10 de agosto de 1898, porém o ano de impressão é 1900, o que me levou a refletir sobre a tamanha dificuldade e ao maquinário extremamente lento utilizado na tipografia da época se comparada à tecnologia atual. O livro pertenceu ao Sr. José Cezimbra, prefeito de Santo Ângelo entre os anos de 1938 e 1939, conforme assinatura do mesmo na borda e na primeira página.
Nas páginas iniciais o autor faz uma dedicatória ao amigo de infância José Antônio de Azevedo Castro onde diz: “Não é em valioso monumento que vou inscrever a tua lembrança; simplesmente na primeira pagina de uma narrativa campestre e despretenciosa, de um livro singelo e sem futuro”.
Singelo pode até ser, mas mal sabia Taunay que escrito nos últimos anos do período imperial brasileiro, seu livro atravessaria os tempos como uma das grandes obras da literatura brasileira.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Aspectos da Vila de Santo Ângelo na década de 20

Rua Marquês do Herval, em frente a Praça Pinheiro Machado, no inicio da década de 1920. Imóveis: Casa de Ernesto Kruel, Teatro Municipal, Casa do Major Eurico de moraes, casa de Afonso Correia Taborda. Vê-se também um lampião público e um poste do telégrafo.


No Arquivo Histórico Municipal Augusto César Pereira dos Santos, entre os importantes documentos que registram a história da nossa cidade, encontra-se um exemplar da obra “O Rio Grande do Sul (completo estudo sobre o estado)” organizada por Alfredo R. da Costa em 1922. A obra traz um levantamento histórico, demográfico, fotográfico, social, econômico e cultural dos municípios gaúchos daquele período. Com riqueza de detalhes, impresso em papel colchê e fotografias de qualidade , algo admirável para o período, o livro é uma importante fonte de pesquisa. No volume II nas páginas 253 à 260, estão os registros sobre “O Município de Santo Ângelo”. Transcrevo abaixo, respeitando a grafia da época, um trecho do texto que descreve o aspecto da Sede Municipal no início dos anos 20:

“ Ao centro da Villa fica a praça denominada Pinheiro Machado de fórma quadrada e medindo 130m2. Ahí se acham edificados ao melhores predios, taes como a Igreja Matriz, construcção jesuítica; Intendencia Municipal edificada sobre os auspicios de Venacio Ayres; theatro municipal; agencias dos bancos do Comercio e Pelotense; o Club “Gaúcho”, fundado pelo Dr. Augusto Leonardo Salgado Guarita, em 1900; collectoria federal; casas commerciaes, etc. No sentido norte-sul, correm as ruas: 15 de Novembro, Marquez do Herval, Antunes Ribas; no sentido transversal: Bento Gonçalves, Antônio Manoel e 7 de Setembro. Existem, ainda, outras ruas menos povoadas e as praças Coronel Braulio e Tiradentes. As ruas são todas largas e rectas; as principaes são macadamisadas e têm calçadas (passeios). A parte sul da vila acha-se situada em um outro alto, havendo entre ambas uma baixada que as divide; essa parte é um novo bairro, onde está se formando uma outra villa, e é ahí que se acha a praça Tiradentes. Promette esse bairro ser muito commercial, devido à estrada de ferro, pois que alli se acha construída a estação. A illuminação electrica ainda que deficiente, presta a Santo Angeloum importante serviço e dá agradavel aspecto á Villa; a empreza é particular e pertence ao sr. Ernesto Drögmüler, de que o motor é destinado a uma carpintaria a vapor, de sua propriedade. Os edifícios, em grande maioria são de estylo antigo, poucos ha de feitio moderno. A’ rua Márquez do Herval ha um Cinematographo pertencente ao sr. Alfredo Beck. Possúe 14 ruas, 5 avenidas e 5 praças. O numero de predios attinge a 274, e a população urbana é de 1.300 habitantes.”

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Prédio da Câmara de Vereadores - antigo Fórum de Santo Ângelo

Construção do Prédio do Fórum, atual Câmara de Vereadores em 1940. Ao fundo pode-se ver a Prefeitura à direita e a Catedral à esquerda, ainda sem as torres.


O Prédio na década de 1940. Imagem da Antunes Riabas sentido Norte-Sul.


Conforme ato nº 37 de 27 de agosto de 1928, o intendente Carlos Kruel desapropria o prédio da Loja Maçônica “Venâncio Aires” junto a Antunes Ribas, para o andamento da construção do atual prédio da prefeitura. Pelas proporções descritas, o prédio da loja ocupava o espaço que hoje dá lugar à Prefeitura e também a Câmara de Vereadores na rua Antunes Ribas.
A comarca de Santo Ângelo data de 1875, funcionou primeiramente junto ao antigo prédio da intendência e após, no atual prédio da prefeitura municipal até inicio da década de 40. Posteriormente foi construído o prédio que hoje é sede do Poder Legislativo Municipal em 1940, e que foi sede da comarca até 1990. Em 1990, com inauguração de um novo prédio para sede do fórum, o espaço passou a sediar órgãos do Poder Executivo Municipal, sendo que no ano 2000, passou a sediar a Câmara de Vereadores do município.