quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A Região Missioneira e os Primeiros Habitantes II

Os Guarani da atualidade, no Museu das Missões em São Miguel das Missões.

O nível cultural dos Guarani se destaca segundo Dionísio Gonzáles Torres (1987: 11-14) não por grandes monumentos ou por escrituras, mas por aspectos culturais que deixaram benefícios a humanidade. Entre conhecimentos, estão como mais importantes a língua, que se difundiu e se mesclou ás línguas latinas da América do Sul, e também, as práticas agrícolas com o cultivo da mandioca, do tabaco, da erva mate, do milho entre outros, além da descoberta das propriedades medicinais de várias plantas nativas.

Quando os missionários da Companhia de Jesus e demais europeus chegaram nessa região não conseguiram compreender o nível cultural dos Guarani dentro do contexto natural em que estes estavam inseridos.
"Esta incompreensão gerou uma falsa idéia – historicamente consolidada – de que os Guarani não possuíam qualquer avaliação econômica, avaliação que marcou profundamente todo o processo histórico das chamadas Missões guarani-jesuíticas da região platina que permanece, de forma anacrônica, até a atualidade.[...] O estudo da Antropologia Econômica sobre sociedades autóctones cultivadoras e a Etnografia Guarani definem um modelo interpretativo confirmado pelos dados inferidos nas fontes documentais. Neste modelo, a familia extensa aparece como unidade de produção e consumo e a circulação econômica entendida como sendo guiada pela lógica da reciprocidade". (CATAFESTO, 2002:213)

Afirmando o que já foi dito acima, a produção econômica dos Guarani por ser baseada em clãs de parentesco com um senso básico de subsistência tinha o cultivo
"(...) feito com uma tecnologia primitiva [...] uma parte das colheitas era perecível e teria de ser consumida imediatamente, mas o milho, os feijões, a mandioca transformada em farinha ou beiju prestar-se-iam ao armazenamento.[...] as colheitas de que se fala não eram totalmente garantidas, pois estavam ameaçadas pela irregularidade climática da região [...] Parece que o Guarani racionalizava o uso da terra de modo a conseguir colheitas de produtos diferentes em diferentes estações do ano (...) ficando uma estação (inverno-começo da primavera?) pouco abastecida, em que recorriam à colheita de produtos do mato (...)". (SCHIMITZ, 1991:308-309)

Fontes:
SOUZA, José Otávio Catafesto de . O sistema econômico na sociedade Guarani Colonial. Horizontes Antropológicos, PPGAS- Porto Aleger, 2002.
SCHMITZ, Pedro Ignácio. Migrantes da Amazônia: a tradição Tupiguarani (p. 295-330) In Arqueologia Pré- histórica do Rio Grande do Sul. Org.Arno Kern. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1991.
TORRES, Dionísio Gonzáles. Cultura Guarani. Assuncion – Paraguai, 1987.

Nenhum comentário:

Postar um comentário